COMEMORAÇÃO DO DIA NACIONAL DOS JARDINS
O MEL, fundado por dez colectivos, formais e informais, convida à sua presença no Domingo dia 4 de Junho, a partir das 11:30, no Largo de Cadouços, à Foz Velha (Largo Capitão Pinheiro Torres de Meireles), para um convívio, livre e gratuito, com os moradores, seguido, pelas 12:30, de um piquenique, como expressão do apoio dos presentes à vontade dos residentes de preservarem o seu jardim livre de agressões desnecessárias. Traga o seu farnel, a pôr em comum com os outros participantes.
EM DEFESA DO JARDIM
Todos os peritos em mobilidade, e cada vez mais também o cidadão comum, defendem que se deve aumentar a parte da circulação em modos suaves, em vez de atrair mais fluxos automóveis para as zonas residenciais.
Por isso o MEL – Movimento Espaços Livres, que defende espaços urbanos duplamente livres (livres do excesso de tráfego automóvel e abertos a outras formas de mobilidade, e livres do excesso concentracionário de construção de modo a defender e aumentar as áreas verdes, arborizadas, parques urbanos e jardins), partilha a preocupação do GMC – Grupo de Moradores de Cadouços motivada pelos projetos recorrentes de construção de um parque de estacionamento que, a concretizar-se, ameaçará o seu pequeno mas belo e acolhedor jardim romântico e histórico no Largo de Cadouços, na Foz Velha (perto da Rua Senhora da Luz).
UM PIQUENIQUE UMA PEQUENA FESTA
Exprimindo o nosso apoio, um grupo de ciclistas partirá de Gaia e outro do Centro do Porto, convergindo às 12:00 no Largo de Cadouços. Alguns pedestres irão juntar-se a eles depois de uma caminhada à beira-rio. Outros cidadãos usarão outros meios de transporte e estarão no Largo pelas 11:30. Estão aí previstas acções de animação para miúdos e graúdos, orientadas por um professor de desporto, a que se seguirá o piquenique.
Recordaremos nessa ocasião alguns dos espaços cuja liberdade temos também defendido e que constituem a certidão de nascimento ou objectivo do MEL e dos grupos signatários deste apelo às autoridades para que tranquilizem os moradores de Cadouços, abandonando expressamente o projecto de parque de estacionamento. Neste caso como noutros casos, a estas autoridades pedimos que abandonem as decisões dogmáticas que põem em perigo a qualidade da nossa vida urbana, a tranquilidade e a saúde dos moradores.
O MEL dedica também esta iniciativa à comemoração, pela primeira vez, do Dia Nacional dos Jardins, criado há cerca de um ano pela Assembleia da República. A data evoca o nascimento, em 25 de Maio de 1922, de Gonçalo Ribeiro Telles, a quem a Arte dos Jardins muito deve em Portugal, e não só ela. Também a defesa da árvore e da paisagem, que, hoje, tal como muitos jardins e maciços arbóreos, têm vindo a ser atropelados e maltratados, não raro a pretexto de um suposto «interesse público» falsamente compreendido.
PARA A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESPAÇOS LIVRES - MEL
E DA DEFESA DOS PARQUES, DOS JARDINS E DA MOBILIDADE SUAVE
O Movimento Espaços Livres – MEL surgiu há pouco mais de um ano na região do Porto com a vontade de contrariar repetidas decisões dos poderes públicos locais, regionais e nacionais que constituíram desrespeito, agressão, diminuição de área, mutilação e até demolição de jardins, parques arborizados e maciços de árvores. E, por outro lado, com a vontade de propor o abandono ou correcção de projectos que implicam agressões semelhantes no próximo futuro.
A reivindicação de respeito pelos espaços verdes livres existentes ou cuja criação foi proposta, coexiste no MEL com a rejeição do excessivo adensamento da construção que encurrala os habitantes em espaços cada vez mais fechados, emparedando-os.
Segundo o arquitecto José Pedro Sousa, único português que integrou recentemente a mesa-redonda New European Bauhaus, da Comissão Europeia, e que participou também no Fórum da Sustentabilidade (Matosinhos, 11-12 de Maio), se o betão fosse um país, seria o terceiro país mais poluente do mundo. Ora, abater árvores maduras é uma forma insustentável de degradação do ambiente que diminui a qualidade do ar e do microclima, com prejuízo evidente para os residentes das proximidades e de toda a zona urbana em que ocorrem.
O MEL defende também que, em vez desse adensamento constante, as zonas urbanas se mantenham abertas e não sobrecarregadas, contribuindo assim para uma real alternativa de mobilidade que assente na expansão segura e valorização dos modos suaves de deslocação, com destaque para a bicicleta e para a circulação a pé, devendo para isso serem instituídas condições de circulação não agressivas.
Exemplo de agressões, mutilações, redução de área e demolição de jardins e parques: Parque da Lavandeira; ex-Parque de Campismo da Madalena; abate de centenas de sobreiros que integravam uma ZEP – Zona Especial de Protecção, todos em Vila Nova de Gaia; e, no Porto, demolição do antigo Jardim de Sophia na sua integridade, à Praça da Galiza (que mantém oficialmente o nome, mas onde quase tudo o resto foi destruído).
Exemplo de terrenos de carácter público ou equiparável para onde foram propostos espaços verdes, os quais foram recusados: espaço onde funcionou uma estação rodoviária em vias de desafectação que o Movimento Peticionário Rua Régulo Magauanha (a Gonçalo Cristóvão, Porto) propôs se transformasse num espaço verde; terrenos da antiga estação da CP na Praça Mouzinho de Albuquerque que o Movimento por um Jardim Ferroviário na Boavista propôs se transformasse num novo jardim.
Exemplo de projetos que implicam, caso sejam concretizados, abates significativos de árvores: projecto imobiliário perto da Arca d’Água, na chamada Charca de Salgueiros; projectos justificados por serem destinados a habitação de renda acessível em Lordelo do Ouro; e ainda a abertura de uma rua que irá rasgar o Parque Urbano da Pasteleira, a pretexto de medidas cujo âmbito é antes do foro social e de índole socioeconómica. Obviamente, o MEL apoia que se aliviem os encargos com a habitação das camadas não privilegiadas mas considera lamentável que o município não o saiba fazer sem abater dezenas e dezenas de árvores que ele próprio plantou.
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