26/05/2023

Passeio Solidário de Apoio ao Grupo de Moradores de Cadouços (Foz Velha) em Defesa do seu Jardim



Largo Capitão Pinheiro Torres Meireles, mais conhecido como Largo de Cadouços

 

COMEMORAÇÃO DO DIA NACIONAL DOS JARDINS

O MEL, fundado por dez colectivos, formais e informais, convida à sua presença no Domingo dia 4 de Junho, a partir das 11:30, no Largo de Cadouços, à Foz Velha (Largo Capitão Pinheiro Torres de Meireles), para um convívio, livre e gratuito, com os moradores, seguido, pelas 12:30, de um piquenique, como expressão do apoio dos presentes à vontade dos residentes de preservarem o seu jardim livre de agressões desnecessárias. Traga o seu farnel, a pôr em comum com os outros participantes.

EM DEFESA DO JARDIM

Todos os peritos em mobilidade, e cada vez mais também o cidadão comum, defendem que se deve aumentar a parte da circulação em modos suaves, em vez de atrair mais fluxos automóveis para as zonas residenciais.

Por isso o MEL – Movimento Espaços Livres, que defende espaços urbanos duplamente livres (livres do excesso de tráfego automóvel e abertos a outras formas de mobilidade, e livres do excesso concentracionário de construção de modo a defender e aumentar as áreas verdes, arborizadas, parques urbanos e jardins), partilha a preocupação do GMC – Grupo de Moradores de Cadouços motivada pelos projetos recorrentes de construção de um parque de estacionamento que, a concretizar-se, ameaçará o seu pequeno mas belo e acolhedor jardim romântico e histórico no Largo de Cadouços, na Foz Velha (perto da Rua Senhora da Luz).

UM PIQUENIQUE UMA PEQUENA FESTA

Exprimindo o nosso apoio, um grupo de ciclistas partirá de Gaia e outro do Centro do Porto, convergindo às 12:00 no Largo de Cadouços. Alguns pedestres irão juntar-se a eles depois de uma caminhada à beira-rio. Outros cidadãos usarão outros meios de transporte e estarão no Largo pelas 11:30. Estão aí previstas acções de animação para miúdos e graúdos, orientadas por um professor de desporto, a que se seguirá o piquenique.

Recordaremos nessa ocasião alguns dos espaços cuja liberdade temos também defendido e que constituem a certidão de nascimento ou objectivo do MEL e dos grupos signatários deste apelo às autoridades para que tranquilizem os moradores de Cadouços, abandonando expressamente o projecto de parque de estacionamento. Neste caso como noutros casos, a estas autoridades pedimos que abandonem as decisões dogmáticas que põem em perigo a qualidade da nossa vida urbana, a tranquilidade e a saúde dos moradores.

O MEL dedica também esta iniciativa à comemoração, pela primeira vez, do Dia Nacional dos Jardins, criado há cerca de um ano pela Assembleia da República. A data evoca o nascimento, em 25 de Maio de 1922, de Gonçalo Ribeiro Telles, a quem a Arte dos Jardins muito deve em Portugal, e não só ela. Também a defesa da árvore e da paisagem, que, hoje, tal como muitos jardins e maciços arbóreos, têm vindo a ser atropelados e maltratados, não raro a pretexto de um suposto «interesse público» falsamente compreendido.

PARA A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESPAÇOS LIVRES - MEL
E DA DEFESA DOS PARQUES, DOS JARDINS E DA MOBILIDADE SUAVE

O Movimento Espaços Livres – MEL surgiu há pouco mais de um ano na região do Porto com a vontade de contrariar repetidas decisões dos poderes públicos locais, regionais e nacionais que constituíram desrespeito, agressão, diminuição de área, mutilação e até demolição de jardins, parques arborizados e maciços de árvores. E, por outro lado, com a vontade de propor o abandono ou correcção de projectos que implicam agressões semelhantes no próximo futuro.

A reivindicação de respeito pelos espaços verdes livres existentes ou cuja criação foi proposta, coexiste no MEL com a rejeição do excessivo adensamento da construção que encurrala os habitantes em espaços cada vez mais fechados, emparedando-os.

Segundo o arquitecto José Pedro Sousa, único português que integrou recentemente a mesa-redonda New European Bauhaus, da Comissão Europeia, e que participou também no Fórum da Sustentabilidade (Matosinhos, 11-12 de Maio), se o betão fosse um país, seria o terceiro país mais poluente do mundo. Ora, abater árvores maduras é uma forma insustentável de degradação do ambiente que diminui a qualidade do ar e do microclima, com prejuízo evidente para os residentes das proximidades e de toda a zona urbana em que ocorrem.

O MEL defende também que, em vez desse adensamento constante, as zonas urbanas se mantenham abertas e não sobrecarregadas, contribuindo assim para uma real alternativa de mobilidade que assente na expansão segura e valorização dos modos suaves de deslocação, com destaque para a bicicleta e para a circulação a pé, devendo para isso serem instituídas condições de circulação não agressivas.

Exemplo de agressões, mutilações, redução de área e demolição de jardins e parques: Parque da Lavandeira; ex-Parque de Campismo da Madalena; abate de centenas de sobreiros que integravam uma ZEP – Zona Especial de Protecção, todos em Vila Nova de Gaia; e, no Porto, demolição do antigo Jardim de Sophia na sua integridade, à Praça da Galiza (que mantém oficialmente o nome, mas onde quase tudo o resto foi destruído).

Exemplo de terrenos de carácter público ou equiparável para onde foram propostos espaços verdes, os quais foram recusados: espaço onde funcionou uma estação rodoviária em vias de desafectação que o Movimento Peticionário Rua Régulo Magauanha (a Gonçalo Cristóvão, Porto) propôs se transformasse num espaço verde; terrenos da antiga estação da CP na Praça Mouzinho de Albuquerque que o Movimento por um Jardim Ferroviário na Boavista propôs se transformasse num novo jardim.

Exemplo de projetos que implicam, caso sejam concretizados, abates significativos de árvores: projecto imobiliário perto da Arca d’Água, na chamada Charca de Salgueiros; projectos justificados por serem destinados a habitação de renda acessível em Lordelo do Ouro; e ainda a abertura de uma rua que irá rasgar o Parque Urbano da Pasteleira, a pretexto de medidas cujo âmbito é antes do foro social e de índole socioeconómica. Obviamente, o MEL apoia que se aliviem os encargos com a habitação das camadas não privilegiadas mas considera lamentável que o município não o saiba fazer sem abater dezenas e dezenas de árvores que ele próprio plantou.

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